Sincoemg realiza seminário: ‘Sonhos, Lutas e Ideais’ em Belo Horizonte

Lotérica I 21.11.11

Por: sync

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Cerca de 150 empresários lotéricos de Minas Gerais, presidentes dos sindicatos estaduais (Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo), dirigentes da Febralot, representantes da Caixa Econômica Federal, patrocinadores e convidados compareceram no seminário ‘Sonhos, Lutas e Ideais’, promovido na tarde do último sábado no Hotel Dayrell, em Belo Horizonte pelo Sincoemg.

O encontro foi marcado pela discussão de antigos problemas da categoria, como reposição das perdas das tarifas, segurança e de propostas para melhoria dos serviços prestados pela rede lotérica.

Abertura

Durante a abertura, o presidente do Sincoemg, Marcelo Gomes de Araujo saudou os participantes e agradeceu aos lotéricos, dirigentes, patrocinadores e Caixa.

“Agradeço a presença de todos, que abriram mão do descanso na tarde de um sábado, para discutirmos os problemas e buscarmos as soluções para o nosso negócio”, disse.

‘Túnel do Tempo’

Sob o título ‘Túnel do Tempo’, a primeira palestra do seminário foi do vice-presidente do Sincoergs, Marco Antonio Kalikowski mostrando a deterioração das tarifas nos últimos dez anos.

“‘No passado nós éramos gente, no passado nós tínhamos poder’. Esta frase, ouvida de antigos empresários lotéricos, serviu de inspiração para minha apresentação. Existe alguma coisa entre o passado e o presente que a gente precisa entender”, sentenciou ‘Marcão’.

O dirigente gaúcho estabeleceu uma comparação do passado com o presente, usando o valor da tarifa de energia elétrica do Rio Grande do Sul como indexador comparativo entre os anos de 2001 e 2011.

“Acreditam os cientistas que estudando o passado entenderemos melhor o presente e planejaremos melhor o futuro”, comenta o dirigente.

O objetivo é mostrar que a falta de um índice para correção das tarifas provocou a deterioração destes valores. O estudo apresentado mostra a relação entre custo versus receita entre os dois períodos analisados.

Inicialmente, provocou uma volta ao passado: segunda-feira, dia 19 de novembro de 2001 para apresentar os custos daquela época.

“O salário de um funcionário no Rio Grande do Sul no ano de 2001 era de R$ 275,00 acrescidos de R$ 27,50 (10%) de quebra de caixa. O vale transporte mensal pago era de R$ 45,50, já que o valor da passagem era de R$ 0,95. O salário mínimo era de R$ 180,00. Como não temos um índice tarifário, vamos usar a tarifa de energia elétrica do RS, que era de R$ 0,22 recebida no ano de 2001 por cada conta paga em uma unidade lotérica”, exemplificou.

Para facilitar o entendimento o lotérico usou a tarifa como indexador das despesas do lotérico.

– Salário de funcionário – R$ 275,00 = 1.250 tarifas.

– Passagem do ônibus – R$ 0,95 = 4,31 tarifas

– Salário mínimo – R$ 180,00 = 818,18 tarifas

Ao regressar ao ano de 2011, o empresário apresenta as mesmas despesas do passado.

“Em 2011, o salário de um funcionário no RS é de R$ 642,00 acrescidos de R$ 64,20 (10%) de quebra de caixa. O vale transporte mensal é de R$ 38,52 com o valor da passagem de R$ 2,70. O salário mínimo é R$ 545,00. Em 2011 a tarifa de energia elétrica no RS é de R$ 0,35”, exemplificou.

– Salário de funcionário – R$ R$ 642,00 = 1.834 tarifas.

– Passagem do ônibus – R$ 2,70 = 7,71 tarifas

– Salário mínimo – R$ 545,00 = 1.557,14 tarifas

“Para que os reajustes fossem condizentes com a realidade atual a tarifa teria que ser de R$ 0,51 apenas para pagar os salários, R$ 0,62 para o vale transporte e R$ 0,66 para o salário mínimo. Já pela variação do IGPM a mesma tarifa teria que ser R$ 0,49 em agosto de 2011. Durante o período de 10 anos os percentuais de reajustes do salário do lotérico foram de 133%, das passagens de 184%, do salário mínimo de 202%, do IGPM de 127% (setembro) e da tarifa pública de 59%”, revelou Marco.

Segundo o dirigente, o equilíbrio econômico-financeiro do lotérico está comprometido devido a falta de correção das tarifas dos serviços.

“Para sobreviver nos últimos dez anos tivemos que reduzir custos demitindo funcionários e ocupando seus lugares. Diminuindo a quantidade de transporte de valores, colocando mais uma vez em risco a nossa segurança, usando transportes de valores nas cuecas, nas meias e até mesmo nos sutiãs. Em 2001, tinha em minha lotérica 19 empregados e, neste ano, por uma questão de sobrevivência, estou trabalhando com apenas 14 pessoas. A fila cresceu, a qualidade do trabalho caiu, o stress aumentou”, comentou.

‘Casos de sucesso’

Marco também revelou que as lotéricas acabaram gerando ‘Casos de Sucesso’ em torno destas unidades, como o caso do guardador de carro que cobra R$ 2,00 do cliente que vai enfrentar a fila. Tem também o ‘Ceguinho da Porta’, que recebe os centavos dos usuários. Mas o caso emblemático é do comerciante que fica em frente da lotérica.

“Os clientes passam na loja dele pela manhã. Deixam suas contas para serem pagas na lotérica. Ele recebe R$ 2,00 por cada conta para atravessar a rua e pagar na lotérica, evitando que os seus clientes entrem na fila. Enquanto isto, o lotérico recebe apenas R$ 0,35. Isto que é um grande negócio”, comentou.

Segundo o dirigente, a tarifa não precisa aumentar, mas sim ter reposição das perdas deste longo período.

“Se tivesse havido reposição o cenário seria parecido com o de 2001. Queremos apenas ter de volta o que já foi nosso”, cobrou.

Sobre o PL 4280/2008

A segunda apresentação do seminário “Esclarecimento do PL 4280/2008” contou com a participação do assessor parlamentar de deputado federal Beto Mansur (autor do projeto de lei), Urbano Simão e do presidente do Sincoesp, Jodsmar Amaro.

Urbano destacou em sua abertura sobre a necessidade que os lotéricos cobrem dos deputados de Minas Gerais uma mobilização maior da bancada para aprovação do projeto de lei, que visa reconhecer a atividade de empresário lotérico.

“Este projeto era muito mais completo, mas a Caixa pressionou a deputada Vanessa Grazziotin durante a sua relatoria na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados. Inicialmente, a parlamentar sugeriu a aprovação na íntegra, mas depois da intervenção da CEF, foi apresentado um substitutivo. Neste texto, dos 20 principais itens da proposta só sobreviveram cinco pontos favoráveis aos lotéricos”, informou Urbano.

Os cinco pontos destacados do projeto de lei são a prorrogação do prazo das concessões lotéricas que expiram em 2019, fixação de um índice para reposição das perdas e de reajuste para os produtos lotéricos, um melhor critério para abertura de novas concessões lotéricas e passar para Caixa a responsabilidade total pela segurança dentro das unidades.  
Jodsmar informou que os avanços do projeto de lei é um trabalho de dois anos dos lotéricos, mas mostrou-se preocupado com o fato do deputado Andre Vargas (PT-PR), relator do PL 4280/2008 na Comissão de Finanças e Tributação, ter submetido novamente a proposta a Caixa Econômica Federal, já que vários pontos do projeto já tinham sido negociados com o banco. Mas o dirigente destacou que interessa a negociação para que não haja veto da Presidência da Republica.

“Esta anuência da Caixa ao projeto não significa nada, pois a entidade pode discordar da proposta um pouco mais a frente. É difícil caminhar com a proposta junto ao Congresso Nacional. Esperamos que até o meio de 2012 o projeto seja encaminhado para o Senado”, informou Jodsmar.

Outro ponto importante da proposta é o debate sobre o regime do lotérico: é ‘permissão’ ou ‘concessão’?, que o executivo paulista acredita que esta  discussão será travada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).

“Existe controvérsia sobre ‘permissão’ e ‘concessão’, mas loteria não pode ser permissão, pois o investimento é muito grande. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Eros Grau revela, em parecer, que é uma ‘concessão’. Lembrando que o ex-ministro é parecerista da Caixa”, sentenciou Amaro.

O destaque desta apresentação foi mostrar para o empresário lotérico a importância da mobilização da categoria para que o projeto seja aprovado no Congresso Nacional.

Sobre os ‘Bolões’

Coube ao presidente da Febralot, Roger Benac relatar o processo de implantação dos ‘Bolões’. O dirigente apresentou um cronograma com as ações e reuniões para a oficialização dos ‘Bolões’.

A Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE) do Ministério da Fazenda já solicitou a Caixa Econômica Federal que inclua as apostas cotizadas (ou ‘Bolão Federal’ como será chamado) no sistema de captação de apostas e pediu a Febralot a apresentação de dois estudos econômicos sobre a precificação dos ‘Bolões’, com previsão de entrega no final do mês de novembro.

“Foram emitidos dois questionários solicitando dados dos lotéricos para subsidiar os trabalhos das empresas que estão produzindo os estudos. Ainda dá tempo de responder. Não demora mais que cinco minutos e os dados são sigilosos. Vamos apresentar os trabalhos para os sindicatos. Além disso, a SEAE solicitou que os representantes destas empresas defendam seus trabalhos junto ao Ministério da Fazenda. Agradeço aos 12 sindicatos que ajudaram a garantir a produção e pagamento destes estudos”, informou Roger.

Fim do convênio

O deputado estadual de Minas Gerais, Paulo Lamac, informou que a relação dele com o setor vem desde sua infância, pois seu pai era dono de uma lotérica em Belo Horizonte. “Um dos motivos da venda da lotérica do meu pai foi um assalto violento sofrido no passado”, comentou.

Lamac é o autor da lei municipal que obriga casas lotéricas e correspondentes bancários de Belo Horizonte a manterem vigilantes e câmeras de vídeo, sob pena de pagamento de multa de R$ 50 mil. A proposta do então vereador Paulo Lamac, hoje deputado estadual pelo PT, foi aprovada pela Câmara de Vereadores em março deste ano e entrou em vigor no dia 18 de junho. O parlamentar também informou que a FEBRABAN orientou que os bancos questionem a constitucionalidade da lei.

O parlamentar também criticou o fato da Caixa não ter renovado o convênio com a Loteria Mineira, que permitia a venda dos produtos da LEMG na rede lotérica da Caixa.

“Estivemos em Brasília com o Barasuol e ele não cumpriu o acordo de prorrogação de 30 dias do convênio para venda dos produtos em estoque da Loteria Mineira. Lamentável! Lamentável! Lamentável!”, criticou o parlamentar mineiro.

Lamac disse que os bancos privados descobriram que não se podem estrangular os seus parceiros e que a Caixa precisa aprimorar a sua relação com os lotéricos do país, principalmente em Minas Gerais, além disso, destacou a importância das lotéricas para a sociedade.

“No momento em que os bancos entraram em greve, quem salvou a população foram às lotéricas”, destacou.

Prestadores de serviços

Na programação do seminário também estava prevista a apresentação de prestadores de serviços para a rede lotérica. A empresa Tracz Desing (blindagem de lotéricas), Rodoban Segurança (transporte de valores), Liderança Capitalização (Tele Sena) e Protege Seguros (seguros) fizeram apresentações sobre suas empresas e os serviços oferecidos para os lotéricos.

O destaque foi para a apresentação de Leonardo Lima da Tracz Desing, que também é lotérico.  O dirigente apresentou vídeos com os testes balísticos das blindagens nas unidades e a certificação das blindagens.

Recomendou que os lotéricos procurem sempre as empresas com certificação e informou que Tracz Desing é credenciada e homologados pela CEF e tem certificação do Exercito Brasileiro.

“Cerca de mil lotéricas já foram blindadas pela nossa empresa e, mensalmente, blindamos cerca de 50 unidades. Preservamos as características originais do layout da lotérica definido pela CEF e o nosso sistema modular permite que a unidade seja ampliada ou desmontada para mudança de endereço. Em Minas Gerais, existem 19 lotéricas com blindagem da Tracz e estamos montando neste momento mais seis unidades”, informou.

A representante em Minas Gerais da Liderança Capitalização, Luciana  Gebara informou que a empresa está comemorando um crescimento de 10% nas vendas da Tele Sena no estado e que 80% das vendas do produto são na rede lotérica e 20% nas agências do Correios.

A executiva também exibiu os filmes publicitários que estão sendo veiculados em rede nacional e regional, além de informar que a Tele Sena vai focar o marketing no conceito ‘testemunhal’ (aquele que mostra o ganhador do prêmio).


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