Os bingos e o esporte.

Opinião I 25.08.04

Por: sync

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Com o advento da "Lei Zico", onde foi regulamentado pelo primeira vez o esporte no Brasil, surgiu a modalidade de exploração de Bingos com fins de angariar recursos para o esporte.
A idéia não era nova, a modalidade sim, já que o jogo usado para este fim há muito já fora previsto, haja visto as loterias esportivas , que visavam o mesmo objetivo e com o tempo foram desviadas suas verbas para o social. Restou para o esporte uma única arrecadação nos anos olimpicos e panamericanos revertidos ao Comitê Olimpico Brasileiro para fazer frente as despesas de nossas delegações.
Desde a implantação dos bingos várias entidades esportivas sérias, clamaram por uma regulamentação eficiente e uma fiscalização severa. Nada se fez. Os governos com suas loterias oficiais, quer federais quer estaduais, se preocuparam em tentar esvaziar a legislação que permitia a existência dos Bingos e alguns estudos tentaram proibir ou dificultar sua implantação. O motivo alegado era se tratar de jogo, como se as demais loterias não o fossem.
E com força de medidas judiciais e decisões favoráveis eles se fixaram e algumas modalidades esportivas começaram a tirar proveito disto. A Vela foi pioneira e imediatamente alguns frutos foram colhidos.
Dispondo de uma fonte permanente e garantida, pudemos esboçar e cumprir uma programação anual. A presença do Brasil nos grandes eventos internacionais deu aos atletas brasileiros a tranquilidade de poder disputar de igual para igual com os melhores velejadores do mundo. Os resultados não tardaram. Na Olimpiada de Atlanta, a delegação brasileira já havia competido com seus principais adversários e pode treinar por duas vezes nas raias olimpicas antes do inicio do evento. Fomos o país com maior número de medalhas na Vela naquele evento. Eramos pela primeira vez campeões olímpicos de Vela.
Ao retornarmos, o nosso medalhista Robert Scheidt viveu um drama, não conseguia patrocinio e pensava em abandonar o esporte, quando o Bingo Augusta da Federação Brasileira de Vela, bancou sua carreira esportiva. Até hoje ele lembra disto com emoção e gratidão. Foi a decisão mais acertada até hoje, pois os inúmeros campeonatos mundiais conquistados ( 6 até o momento) e sua eleição de "Melhor Velejador do Mundo" provara o acerto da medida.
Com a criação do Ministério do esporte e Turismo, o esporte entrou no orçamento da União. Mais uma vez os bingos foram fundamentais, já que para se utilizar das verbas oficiais, necessário era se dispor de uma contrapartida de 20% do valor de cada projeto. Assim, se uma participação da equipe brasileira custasse R$ 50.000,00 ( cinquenta mil reais), a Federação teria que arcar com R$ 10.000,00 ( dez mil reais) e o governo com o restante. Quem não possuía uma fonte de recursos não podia se candidatar a esta verba. felizmente para a Vela o bingo supria esta quantia, e vários velejadores puderam participar de eventos no exterior.
Eis que de repente, não mais que de repente, o governo para desviar a atenção de uma crise política, que não nos cabe aqui discutir, resolve extinguir os bingos, sem levar em consideração o futuro do esporte, uma vez que já o havia retirado do orçamento da União.
Sem querermos entrar também no aspecto social da extinção de 320.000 empregos, não teve o governo a sensibilidade de colocar no vazio criado pelo fechamento dos bingos, uma lei de incentivo fiscal para a sobrevivência dos esportes sem platéia, já que os patrocinadores ( os poucos que se existem ) preferem investir em esportes já consagrados pelo povo.
O que se pode esperar agora é que nossos legisladores tenham maior sensibilidade que nosso poder executivo, que sacrificou todo um projeto esportivo as vésperas das Olimpíadas de Atenas, e criar uma legislação séria para os bingos e uma fiscalização eficiente a cargo dos fiscais fazendários, para que tenhamos tranqüilidade de continuar trabalhando pelo esporte no país.
A mera alegação de que os bingos lavam dinheiro, corrompe e vicia não justifica a medida já que sabemos diariamente através de notícias de jornal e TV, que atividades das mais variadas tem sido utilizadas com o mesmo fim, e nem por isso se pensa em fechar estas atividades e sim fiscaliza-las melhor.
É isto que nós queremos para podermos continuar a ajudar nossos atletas a trazer medalhas.(http://www.maresbrazil.com/)

 

Scheidt destaca importância da Lei Agnelo/Piva.
A medalha de ouro que Robert Scheidt ganhou na classe Laser foi conquistada graças ao seu talento, às dicas do treinador, ao apoio da família e também ao excelente trabalho de preparação que a equipe de vela do Brasil teve para os Jogos Olímpicos de Atenas. 
Durante a entrevista coletiva nesta segunda-feira, dia 23, na Casa Brasil, em Atenas, Scheidt disse que a estrutura oferecida aos velejadores brasileiros para estes Jogos foi fundamental para seu caminho rumo ao pódio, e também para a manutenção de uma invecibilidade em todas as competições que disputou neste ano.
O velejador, que já pode ser considerado um veterano em Jogos Olímpicos, comparou a evolução da preparação que teve desde Atlanta-96. Para ele, a entrada da Lei Agnelo/Piva neste processo foi fundamental para a preparação adequada da equipe.
"Participei de três Jogos Olímpicos e o nível de preparação que a gente teve para Atenas foi infinitamente superior ao de Atlanta. Para Sydney já melhorou e agora a preparação foi muito boa. Hoje em dia a gente tem uma base na Europa, com boa estrutura, barcos, botes e isso tudo custeado com os recursos da Lei Agnelo/Piva, que foi um grande impulso para o esporte. Inclusive queria agradecer ao Nuzman, (Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB) que está aqui com a gente", afirmou o bicampeão olímpico da classe laser. Scheidt ainda comentou que graças ao recursos pôde realizar pela primeira vez um trabalho continuo com seu treinador, Cláudio Biekack, peça fundamental para o êxito em Atenas. "A estrutura para mim foi maravilhosa. Nos treinamentos eu pude fazer um trabalho mais efetivo com o Cláudio, que ficou mais permanente comigo este ano. Antes, a gente fazia um trabalho eventual, para campeonatos mundiais e Jogos Olímpicos. Este ano, a gente fez um trabalho até de filmagens no Brasil de alguns detalhes que eu precisava melhorar na minha velejada. Então, acho que a preparação este ano foi excelente. Todos os campeonatos que eu participei eu ganhei", disse Schedit, que comentou seu desejo de repartir a medalha de ouro com seu técnico, devido à importância dele na sua conquista. 
Bóia 1 News – Assessoria de Imprensa do COB

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