“O Brasil não é mais uma questão de ‘se?’ ou ‘quando?’, mas o ‘que?’ e ‘como?’”, Drew Pawlak

Destaque I 14.10.19

Por: Elaine Silva

Compartilhe:
Drew Pawlak, vice-presidente da AGS da América Latina

Na última década, os brasileiros e a maioria da indústria de jogos estão de olho na legalização formal dos jogos no Brasil.

Não estranho a essa jornada, o BNL conversou com o vice-presidente da América Latina da AGS, Drew Pawlak, um dos principais fornecedores de jogos do mundo, para discutir seus pensamentos e ideias sobre o mercado futuro do Brasil. Confira:

***

Nas últimas duas décadas, você liderou um laboratório independente de jogos e prestou assistência aos reguladores na conformidade com os jogos. Mais recentemente, você gerencia as operações internacionais da AGS como fornecedor. Na sua opinião, qual etapa falta para que o jogo legalizado se torne realidade em Brasil?

Absolutamente nada, o único passo que falta é uma lei a ser aprovada. Atualmente, existem jogos de azar no Brasil, formas extremamente sofisticadas de jogo com grupos altamente qualificados e bem-sucedidos. Infelizmente, é tudo ilegal e não traz benefícios para o país. A legalização não apenas mudará essa realidade, mas atrairá bilhões de dólares em investimentos de empresas de jogos de todo o mundo, que exigirão e seguirão regulamentos e regras definidas.

Se você olhar para o bingo quando era legal no seu passado recente, as empresas brasileiras floresceram e se tornaram empresas grandes e bem-sucedidas em todo o mundo. Esses mesmos profissionais estão mais do que prontos e ansiosos para voltar.

Você acredita que há desinformação dos poderes conservadores no Congresso?

Eu acredito que esta ponte foi atravessada. Não é mais uma questão de ‘Se?’ ou ‘Quando?’, mas ‘O quê?’ e ‘Como?’. O maior obstáculo hoje é principalmente a quantidade de informações erradas de grupos de interesses especiais, como lobistas e pessoas que desejam manter os jogos clandestinos e ilegais.

Um exemplo disso é o ‘Casino Only Lobby’, que promove a mensagem de que os investimentos só virão para os casinos-resorts. Nenhuma jurisdição de jogos no mundo pratica esse modelo, nem Las Vegas, nem Cingapura, nem em nenhum outro lugar, então por que o Brasil? Somente em Las Vegas, o jogo está presente em cassinos, salas de bingo, postos de gasolina, supermercados, lounges e muito mais.

Alguns operadores de cassino podem sugerir que não investirão, a menos que seja apenas no cassino. Isto simplesmente não é verdade. Dado o tamanho do mercado e o prestígio do Brasil, todos eles virão. Repito, todos virão. E espero que com o tempo eles desejem investir em todas as formas de jogos, não apenas nos cassinos. Eu não ficaria surpreso se, no futuro, uma cadeia de salas de bingos do Las Vegas Sands não seja desenvolvida. No momento, certos interesses estão apenas pressionando pela causa da exclusividade, que gosta de mercado com monopólios. E essa atitude continua causando cada vez mais atrasando a receita tributária para o Brasil. Confie em mim, os investimentos virão, o mundo dos jogos está faminto por novos mercados, independentemente do modelo.

Uma forma de jogo não elimina a outra, pelo contrário, atrai diferentes tipos de jogadores. Acredito firmemente que, fora do Rio de Janeiro e São Paulo, o casino resorts integrado se esforçará para atrair o volume de jogadores necessário.

Na sua experiência, uma sala de bingo pode competir com um cassino resort?

Essa é uma das perguntas mais incompreendidas quando falo com brasileiros. Uma pessoa não vai a um cassino apenas para jogar. Eles vão a shows, restaurantes, bares, cinemas, boliches e outras formas de entretenimento. Muitos dos meus amigos não jogam e nos encontramos nos cassinos. Um cassino é um estabelecimento de entretenimento com tudo incluído.

A pergunta que realmente deve ser feita é: se um restaurante, um bar, um cinema, uma pista de boliche e outras formas de entretenimento podem competir com um cassino? Em jurisdições pequenas, a resposta é não.

As salas de bingo, por outro lado, não têm impacto direto no setor de entretenimento. Não compete, mas complementa o mercado.

Sinceramente, acredito que o Brasil deve legalizar o jogo e permitir que cada estado decida o que é melhor para sua própria jurisdição; caso contrário, uma futura lei de jogos de azar só poderá beneficiar o Rio de Janeiro e São Paulo.

Como a AGS se preparou para o iminente mercado brasileiro?

Antes de tudo, a AGS está presente em todos os principais mercados de cassinos; portanto, independentemente do modelo, estaremos presentes. Nos últimos anos, estabelecemos um grupo de desenvolvimento dedicado exclusivamente ao bingo e jogos para o Brasil. Temos DNA brasileiro no perfil de nossa empresa e entendemos o Brasil como os brasileiros. Estamos prontos e ansiosos para começar.

Qual é a sua expectativa para o G2E?

Gostaria de aproveitar esta oportunidade para convidar todos os brasileiros a nos visitar este ano no estande 1253. Estamos ansiosos para apresentar nossa linha de produtos e falamos português, fluentemente.

Comentar com o Facebook