Lotéricas são canal preferido para pagamento

Lotérica I 29.06.15

Por: sync

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Apesar dos avanços da tecnologia no setor financeiro, as lotéricas e outros correspondentes bancários, como o Banco Postal, dos Correios, ainda são os canais preferidos dos consumidores para pagamento de contas e convênios.

Segundo relatório do Banco Central, enquanto 2,72 bilhões boletos de cobrança e convênios foram pagos por meio dos correspondentes em 2014, 2,14 bilhões foram transacionados pela internet e 147 milhões por celulares e outros dispositivos.

Roberto Luís Troster, professor de economia da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), explicou que, embora no Brasil existam 1,89 contas bancárias por habitantes, muitas pessoas mantém o relacionamento com o banco apenas para o recebimento do salário. "Depois de receber, elas sacam e ficam com o dinheiro no bolso", apontou.

De acordo com ele, para esses consumidores, que preferem operar com o papel-moeda, as lotéricas e outros correspondentes são um canal de mais fácil acesso para pagamento de contas em comparação às agências.

"É muito mais fácil pagar uma conta em lotérica ou no supermercado, onde a pessoa não é revistada e a entrada é mais simples", observou.

Para Leandro Ruschel, diretor da Escola de Investidores Leandro Stormer, apesar do desenvolvimento econômico do País, a renda média da população brasileira ainda é baixa. "Tem uma parcela significativa que ainda não tem conta em banco", avaliou.

Crescimento

Apesar de serem menos utilizados para pagamentos de contas, os canais digitais estão crescendo em um ritmo mais acelerado que os correspondentes bancários.

Os dados do Banco Central apontam que os pagamentos de contas pela internet avançaram 34,2% em relação a 2013 e o uso do celular para os pagamentos avançou 173,2% no mesmo período. As lotéricas, por sua vez, cresceram apenas 3,5% na variação anual, ficando atrás, inclusive, dos caixas eletrônicos, que avançaram 20,7% no ano.

Além disso, hoje os meios eletrônicos são já são mais utilizados para operações como consulta de saldos e extratos, e transferências de crédito.

Para os especialistas ouvidos pelo DCI, a tendência é que a inclusão digital e a bancarização continuem avançando. "Nós vemos várias iniciativas dos bancos e do regulador nesse sentido", apontou Troster.

De acordo com Ruschel, contudo, por conta do cenário macroeconômico enfrentado atualmente pelo Brasil, deve haver uma desaceleração no ritmo da inclusão financeira em 2015. "Com a manutenção da crise, infelizmente a gente deve romper essa proporção de crescimento", analisou.

Os especialistas apontaram o grande desafio para a evolução dos meios eletrônicos de pagamento é a segurança.

De acordo com Ruschel, esse é um dos motivos por que o cheque ainda continua sendo um dos instrumentos mais utilizados para transações com valores mais altos. "Mesmo nos Estados Unidos ainda existe uma presença muito grande de cheques", disse.

Em seu Relatório de Vigilância do Sistema de Pagamentos Brasileiro, o BC mostrou que, embora o uso do cheque continue em queda, com redução de 10% em 2014 em relação a 2013, a diminuição foi principalmente para transações de baixo valor, o que resultou em um aumento de 8% no valor médio por folha, para R$ 2.414 no ano passado. (DCI – Pedro Garcia)

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