Loteria da Cultura de SP é recebida com otimismo e ressalvas.

Loteria I 23.09.03

Por: sync

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A criação da Loteria da Cultura, anunciada na última quarta pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e pela secretária estadual da Cultura, Cláudia Costin, foi recebida com otimismo e algumas ressalvas por artistas. Seu lançamento está previsto para o próximo dia 10 de outubro.
Para o diretor do grupo Oficina José Celso Martinez Corrêa, a iniciativa é "fundamental". "É importante, principalmente para os grupos de teatro de repertório, companhias que normalmente não são beneficiadas pelo marketing", diz. "Pena que a quantia seja pequena para tanta necessidade e potencialidade", completa.
O ator, diretor e atual secretário municipal da Cultura de SP, Celso Frateschi, pondera. "Em princípio, é positivo. E, como uma fonte a mais de recursos, [a loteria] é bem-vinda. A questão é a forma de distribuição desses recursos, mas tenho certeza de que a administração estadual vai trabalhar de forma democrática com relação a isso", diz Frateschi.
A Loteria da Cultura é recebida com menos otimismo por Sérgio de Carvalho, diretor integrante da Companhia do Latão. "Se o caso é gerar cultura com o jogo de azar, deveriam tributar a especulação financeira. Na era do capitalismo-cassino, é pelo menos um reconhecimento da miséria atual: tanto do orçamento quanto das políticas culturais do Estado."
O governo estadual e a secretaria de Estado da Cultura estimam que a loteria, em forma de raspadinha, vá arrecadar R$ 10 milhões líquidos para serem distribuídos exclusivamente em projetos culturais, de teatro e cinema.
A distribuição dos recursos será determinada por uma regulamentação complementar, a ser criada, mas já foi estabelecido que a escolha dos projetos beneficiados será realizada por concurso.
Na área do cinema, as regras da disputa serão formuladas pelo Conselho Paulista de Cinema, oficializado na quarta pelo governador. O Conselho é composto por seis membros do governo e seis representantes da sociedade civil.
Para o cineasta André Klotzel ("Memórias Póstumas"), o conselho é uma forma "mais equilibrada de diversificar apoios para o cinema". Já o diretor Joel Pizzini ("Glauces"), acha curiosa a relação com o jogo de azar: "Espero que haja espaço para o cinema como forma de conhecimento e que o espírito não seja contaminado pela aspiração de riqueza".
Folha de São Paulo – ALEXANDRA MORAES

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