DECRETO FEDERAL No. 3.659, de 14 de novembro de 2000 — Regulamenta a autorização e a fiscalização de jogos de bingo.

Bingo I 14.11.00

Por: sync

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O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto nas Leis nº s 9.615, de 24 de março de 1998, e 9.981, de 14 de julho de 2000,
D E C R E T A:
Art. 1º A exploração de jogos de bingo, serviço público de competência da União, será executada, direta ou indiretamente, pela Caixa Econômica Federal em todo o território nacional, nos termos das Leis nº s 9.615, de 24 de março de 1998, e 9.981, de 14 de julho de 2000, dos respectivos regulamentos, deste Decreto e das demais normas expedidas no âmbito da competência conferida à Caixa Econômica Federal.
Art. 2º Jogo de bingo é aquele em que se sorteiam ao acaso números de 1 a 90, mediante sucessivas extrações, até que um ou mais concorrentes atinjam o objetivo previamente determinado, podendo ser realizado nas modalidades de jogo de bingo permanente e jogo de bingo eventual.
§ 1º Considera-se bingo permanente aquele realizado em salas próprias, com utilização de processo de extração isento de contato humano, que assegure integral lisura dos resultados, inclusive com o apoio de sistema de circuito fechado de televisão e difusão de som, oferecendo prêmios exclusivamente em dinheiro.
§ 2º Bingo eventual é aquele que, sem funcionar em salas próprias, realiza sorteios periódicos, utilizando processo de extração isento de contato humano, podendo oferecer prêmios exclusivamente em bens e serviços.
Art. 3º Considera-se execução:
I – direta, quando efetuada sob responsabilidade da CAIXA e por sua conta e risco;
II – indireta, quando autorizada pela CAIXA e efetuada sob a responsabilidade de entidade desportiva e por sua conta e risco.
Parágrafo único. A exploração indireta de jogos de bingo implica
responsabilidade exclusiva da entidade desportiva autorizada, mesmo que a administração da sala seja entregue a empresa comercial idônea, observado o disposto no art. 4º da Lei nº 9.981, de 2000.
Art. 4º A autorização para explorar jogos de bingo abrangerá um único sorteio em se tratando de bingo eventual e, no caso de bingo permanente, um período máximo de doze meses.
Art. 5º A autorização deverá ser requerida à CAIXA com antecedência mínima de trinta dias da data pretendida para o início do evento, instruindo-se o correspondente pedido com os seguintes documentos e informações:
I – cópia dos respectivos atos constitutivos, e alterações posteriores,
devidamente registrados ou averbados no cartório competente, ou na Junta
Comercial;
II – comprovante da regularidade da composição de seu corpo diretivo, e do
exercício dos respectivos mandatos, mediante certidão de registro ou de
averbação dos correspondentes termos de posse;
III – comprovante de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ
do Ministério da Fazenda;
IV – comprovante de inscrição Estadual, ou no Distrito Federal e Municipal,
conforme o caso;
V – apresentação de certidões dos distribuidores cíveis, trabalhistas,
criminais e dos cartórios de protesto;
VI – prova de filiação e de regularidade de situação junto a uma ou mais
entidades de administração de qualquer sistema do desporto olímpico;
VII – prova de atuação regular e continuada na prática de pelo menos uma
modalidade desportiva, com participação em todas as competições previstas nos
calendários oficiais dos últimos três anos;
VIII – definição do local, da data e do horário de realização do sorteio;
IX – previsão de vendas, definindo o preço unitário da cartela e a quantidade
a ser impressa, tanto para o bingo permanente como para o bingo eventual;
X – no caso de bingo eventual, plano de distribuição dos prêmios, com
descrição minuciosa da sua natureza, tal como bens móveis e imóveis,
veículos, viagens ou serviços, obedecido o percentual de destinação calculado
sobre a previsão de vendas;
XI – comprovante de reserva de recursos em garantia para pagamento das
obrigações previstas no art. 14, exceto a premiação, calculados sobre a
previsão de vendas, podendo ser efetuado mediante caução em dinheiro, seguro
garantia ou fiança bancária, no valor equivalente a vinte e cinco por cento,
para o jogo de bingo eventual, e de um por cento para o bingo permanente,
neste caso, abrangendo um período de trinta dias;
XII – cópia do projeto detalhando a aplicação de recursos oriundos dessa
atividade na melhoria do desporto nos termos do inciso IV do art. 62 da
Lei nº 9.615, de 1998, devidamente aprovado pelo Ministério do Esporte e
Turismo, seja para o bingo permanente, seja para o bingo eventual;
XIII – modelo de cartela a ser impressa, conforme especificação técnica
fixada pela CAIXA, tanto para o bingo eventual como para o bingo permanente;
XIV – em caso de bingo eventual, informações sobre o sistema de distribuição
de cartelas, dos selos ou de qualquer outro sistema de autenticação;
XV – atestado sobre a regularidade dos equipamentos a serem utilizados para a
extração dos números, emitido pelo poder público, e laudo pericial relativo
ao programa de informática de gerenciamento e controle da atividade subscrito
por especialista, pessoa física ou jurídica, devidamente habilitada, tanto
para o bingo permanente como para o bingo eventual, atendidas as
especificações técnicas expedidas pela CAIXA;
XVI – alvará de funcionamento, em se tratando de bingo permanente;
XVII – prova de que a sede da entidade desportiva, ou a representação oficial
é situada no mesmo Município em que será realizado o sorteio do bingo
eventual, ou em que funcionará a sala de bingo permanente;
XVIII – certidão emitida pelo órgão de proteção do consumidor da Unidade da
Federação da sede da entidade desportiva e da empresa comercial por ela
contratada, de que não existem reclamações procedentes, tanto para o bingo
permanente como para o bingo eventual; e
XIX – comprovação de regularidade junto à Receita Federal, Estadual,
Municipal ou Distrital, bem como à Seguridade Social, tanto para o bingo
permanente como para o bingo eventual.
§ 1º No caso de bingo eventual, a entidade desportiva ou a entidade promotora
do evento deverá apresentar os documentos comprobatórios de sua efetiva e
plena propriedade do bem, sem quaisquer ônus ou restrições de direito.
§ 2º As cartelas de bingo eventual poderão ser vendidas em todo o território
nacional.
§ 3º A CAIXA poderá consolidar sob a forma de plano de sorteio, as exigências
previstas nos incisos VIII, IX, X e XIV deste artigo, e outros que lhes sejam
correlatos.
Art. 6º Caso a administração do bingo eventual ou permanente seja entregue à
empresa comercial, a entidade desportiva juntará ao pedido de autorização,
além daqueles previstos no art. 5º deste Decreto, os seguintes documentos:
I – certidão de registro da empresa e de sua capacitação para o comércio,
expedida pela Junta Comercial ou Cartório onde ela tem sede;
II – certidões dos distribuidores cíveis, trabalhistas e de cartórios de
protesto em nome da empresa, nos termos do § 1º deste artigo;
III – certidões dos distribuidores cíveis, criminais, trabalhistas e dos
cartórios de protesto em nome da pessoa ou pessoas físicas titulares da
empresa, nos termos do § 1º deste artigo;
IV – certidões de quitação de tributos federais, estaduais, distritais, ou
municipais, bem como relativamente à Seguridade Social;
V – comprovante da contratação de empresa especializada, devidamente
registrada no órgão oficial, para prestação de serviços de auditoria
permanente da empresa administradora; e
VI – cópia do instrumento de contrato firmado entre a entidade desportiva e a
empresa administradora, cujo prazo máximo será de dois anos, renovável por
igual período, sempre exigida a forma escrita.
§ 1º As certidões de que tratam os incisos I e II deste artigo serão exigidas
com relação às capitais dos Estados e do Distrito Federal, conforme o caso,
porém, a critério da CAIXA, poderão ser solicitadas em relação a outras
localidades.
§ 2º A empresa a ser contratada para a prestação de serviços de auditoria
permanente deverá, além das atribuições inerentes ao exercício da atividade,
emitir parecer e relatório mensal, ou por evento, conforme o caso, vinculados
à realização dos sorteios e das prestações de contas, bem como acerca das
demonstrações contábeis e financeiras ao final do prazo fixado no certificado
de autorização.
Art. 7º Os locais destinados à realização de bingo permanente deverão
satisfazer as seguintes condições:
I – sala com capacidade mínima para duzentos participantes sentados;
II – recepção sem acesso direto para a sala onde serão realizados os sorteios;
III – sistema de circuito fechado de televisão e de difusão sonora, que
permita a todos os participantes a perfeita visibilidade e audição de cada
procedimento dos sorteios e de seu permanente acompanhamento;
IV – equipamento nos termos do inciso IX do art. 5º deste Decreto;
V – mesas, cadeiras e área própria à permanência de, no mínimo, dois agentes
dos órgãos de fiscalização, incumbidos de fiscalizar os sorteios.
Art. 8º As reuniões de sorteio de bingo permanente poderão ser realizadas
diariamente, programadas para diversos e sucessivos sorteios, integrados ou
independentes entre si.
§ 1º É proibida a venda de cartelas fora do ambiente onde serão realizadas as
reuniões de sorteio.
§ 2º A entidade desportiva autorizada e a empresa contratada para administrar
o sorteio, somente poderão cobrar dos participantes os valores referentes à
aposta e ao ingresso no local do sorteio.
§ 3º As condições de operação do bingo permanente constarão de regulamentação
específica a ser expedida pela CAIXA.
Art. 9º Para a modalidade de bingo permanente, antes da outorga do
"Certificado de Autorização", ou ao longo de sua validade, a CAIXA poderá,
a qualquer tempo, determinar a elaboração de diagnóstico técnico, visando a
mensurar a idoneidade do sistema e a segurança dos equipamentos, de forma a
coibir quaisquer interferências eletroeletrônicas ou manipulação humana, que
alterem ou distorçam a natureza aleatória dos eventos.
Art. 10. O certificado de autorização ficará exposto em quadro específico, na
entrada do estabelecimento onde se realiza o evento.
Art. 11. A prestação de contas será apresentada à CAIXA, observados os termos
e condições previstos neste Decreto e na sua regulamentação que vier a ser
expedida.
Art. 12. A entidade desportiva autorizada e a sociedade comercial contratada
para administrar o sorteio deverão manter à disposição da CAIXA, durante
cinco anos, toda a documentação relativa à prestação de contas, com os nomes
dos respectivos ganhadores, endereço completo e CPF, assim como o original
dos recibos de entrega dos prêmios, qualquer que seja sua natureza ou espécie.
Parágrafo único. Quando se tratar das ligas de que cuida o caput do art. 60
da Lei nº 9.615, de 1998, será indicada a entidade desportiva participante
que ficará incumbida da guarda dos documentos, nos termos previstos no caput
deste artigo.
Art. 13. Quando da prestação de contas deverá ser comprovado o recolhimento
dos percentuais da arrecadação, conforme destinação prevista neste Decreto.
Art. 14. A destinação total dos recursos arrecadados em cada sorteio dos
jogos de bingo permanente ou eventual será efetuada da seguinte forma:
I – cinqüenta e três e meio por cento para a premiação, incluindo a parcela
correspondente ao imposto sobre a renda e outros eventuais tributos sobre
a premiação;
II – vinte e oito por cento para custeio de despesas de operação,
administração e divulgação;
III – sete por cento para as entidades desportivas;
IV – quatro e meio por cento para a União; e
V – sete por cento para a CAIXA.
§ 1º Os percentuais para a premiação na modalidade de bingo e linha nos
jogos de bingo permanente serão definidos livremente no âmbito da entidade
promotora, sendo destinado o percentual de até oito por cento para o
pagamento de acumulado, extra bingo e reserva.
§ 2º O valor destinado à premiação na modalidade de bingo eventual será
calculado de acordo com a previsão de vendas, referida no inciso III do
art. 5º deste Decreto.
§ 3º O pagamento de prêmio acumulado somente é permitido no jogo de bingo
permanente.
§ 4º Os recursos a que se refere o inciso IV do caput deste artigo serão
destinados ao fomento do esporte e turismo.
Art. 15. A fiscalização dos jogos de bingo, a ser realizada pela CAIXA, em
âmbito nacional, será efetuada sob a forma de inspeção, auditoria
operacional, auditoria de sistemas, auditoria de gestão e de auditorias
contábeis e financeiras, abrangendo, em especial:
I – controle e investigação das atividades relacionadas com o jogo de bingo;
II – exame de documentos, locais, estabelecimentos e dependências
relacionados com a exploração das atividades de jogos de bingo;
III – verificação da operacionalidade das máquinas e equipamentos, incluídos
os de informática, bem assim os respectivos programas, utilizados nos
processos de sorteios dos jogos de bingo; e
IV – regulamentação dos processos e procedimentos inerentes ao poder de
fiscalização.
Parágrafo único. A entidade ou a empresa comercial devem prestar todos os
esclarecimentos, bem como exibir para exame ou perícia, sempre que
solicitados, livros, comprovantes, balancetes, balanços e quaisquer elementos
necessários ao exercício da fiscalização.
Art. 16. A CAIXA determinará, relativamente às autorizações em vigor, no
prazo por ela fixado em regulamento, à entidade desportiva ou ao
estabelecimento comercial que explore os jogos de bingo, a adequação às
condições estabelecidas neste Decreto.
Art. 17. A CAIXA, ao tomar conhecimento de jogo de bingo funcionando em
desacordo com a legislação, comunicará, de imediato, o fato ao Ministério
Público.
Art. 18. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 19. Ficam revogados o caput e o § 1º do art. 74 e o art. 75 a 105 do
Decreto nº 2.574, de 29 de abril de 1998.
Brasília, 14 de novembro de 2000; 179º da Independência e 112º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Pedro Malan
José Otávio Germano

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