“Jogo do bicho é coisa de velho. Meu pai jogava de manhã, de tarde e de noite. Jogo de vez em quando”
O que levou o senhor a defender a legalidade dos jogos de azar?
Por entender que o jogo ilegal atende poucos. Nunca tive nenhum centavo de ‘bicheiro’ (que explora o jogo do bicho) em minhas campanhas, de ‘maquineiro’ (donos de máquinas caça-níqueis), de cassino, mas entendo que o Brasil perde muito sem a legalização. Enquanto o país perde, deixa de arrecadar. Quem está ganhando são poucos. Em 1988, fui eleito pela primeira vez com a legalização do jogo, e era só o bicho que existia. Em vez de pegar o cambista (que anota os jogos), tinha que pegar o banqueiro (dono do jogo). E aí os banqueiros tinham os candidatos deles, e eu era o candidato do cambista com carteira assinada, com fundo de garantia, com 13º salário, reconhecido como trabalhador que é.
Como os jogos deveriam funcionar na legalidade?
Acho o seguinte: máquina (caça-níqueis) existe em Belo Horizonte e tem que continuar tendo, legalizada. Nas lojas haverá fiscalização, não vai entrar menor de idade, e todo mundo que entrar para jogar vai ter de ser identificado. E ela (máquina) tem de ser online. Funcionando hoje no Brasil inteiro na clandestinidade, o bingo tem de ser legalizado da mesma forma: toda pessoa terá que se identificar. Você vai ter um cadastro para identificar jogadores compulsivos. Vai afastar a marginalidade, podendo ser um ambiente sadio para todos.
Os cassinos também estão dentro dessa proposta?
Existe a necessidade do funcionamento dos cassinos, a partir do momento em que as pessoas pegam o voo aqui e vão para outros países. Hoje temos condição de ter R$ 22 bilhões em arrecadação por ano com o jogo no país, mas um jogo legalizado e da seguinte forma: não pode ter cassino nos grandes centros. Não podemos ter um cassino em Belo Horizonte, no Rio de Janeiro, em São Paulo. Cassino tem que ser nas estâncias hidrominerais para que o trabalhador da capital não pegue seu salário, que acaba de receber, e gaste-o. E isso vai acontecer. Vamos levar o cassino para Araxá, para São Lourenço, para estâncias que têm atrativos.
Quem comanda os jogos em Minas tem ligação com políticos e são financiadores de campanha?
Não. Aqui, em Minas, o jogo do bicho nunca me deu um centavo. Pode procurar, olhar com quem quiser. Não tenho um centavo do jogo do bicho e sempre defendi a sua legalização. O jogo do bicho em Minas é jogo de velho, e os velhos estão morrendo. O meu pai jogava no bicho todo dia, de manhã, de tarde e de noite. Eu jogo de vez em quando aqui, na porta da Assembleia, e meu filho não vai nem saber o que é isso. O jogo do bicho vai acabar. Aqui ninguém mata ninguém, não tem crime organizado, não tem ligação com droga. Aqui, o bicheiro, todo mundo conhece.
Segundo uma fonte ligada ao jogo, é a polícia que explora parte dessas casas de apostas
A proibição dos jogos de azar no Brasil nunca foi impedimento para que jogadores interessados na prática tenham acesso a lojas e salões de apostas. Basta andar pelas ruas do centro de Belo Horizonte e também na região metropolitana para encontrar inúmeras bancas, principalmente de apostas no jogo do bicho.