Capitalização é mais loteria que investimento

Loteria I 15.07.02

Por: sync

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O brasileiro pode não ter cultura de poupar, mas tem o hábito de tentar a sorte em loterias. Talvez por isso, o mercado de títulos de capitalização venha crescendo rapidamente no país. A oferta é variada: de cartelas vendidas em lotéricas a títulos bancários, passando por títulos vinculados à compra de bens. De janeiro a maio, o mercado de capitalização captou R$ 1,9 bilhão em recursos e distribuiu US$ 85,67 milhões em prêmios, segundo a Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização (Fenaseg).
— Esperamos que o mercado cresça cerca de 3% este ano, apesar da crise — estima Sérgio Daiuna, vice-presidente da Sul América Capitalização e um dos membros da comissão de títulos de capitalização da Fenaseg.
A capitalização é uma espécie de poupança depositada em parcelas ou em cota única e que dá direito a participar do sorteio de prêmios. O depósito é remunerado pela TR, índice que corrige a poupança tradicional, mas que nesse caso não incide sobre o total do investimento. Além disso, os juros são usados para pagar os prêmios. Assim, o rendimento é menor que o da poupança se o cliente não é sorteado.
Retirada antes do prazo provoca perdas.
O consumidor também deve estar alerta para o prazo de carência dos títulos, sob pena de perder grande parte do dinheiro aplicado. Quanto mais distante estiver o prazo de vencimento do título, maior a multa, que pode chegar em casos extremos a 90% da aplicação. Por isso, o investidor nunca deve investir em capitalização um dinheiro que pode precisar a curto prazo.
Apesar da popularidade dos títulos, muitos analistas de investimento sequer os avaliam como possibilidade de aplicação. Para Luiz Frankenberg, sorte e finanças se misturam.
— De 20% a 30% da lucratividade são retirados para pagar os sorteios. Você recebe o dinheiro de volta praticamente sem lucro. Para jogar, é melhor apostar logo na loteria.
O consultor financeiro pessoal Fabiano Calil afirma que o maior problema é que os clientes não conhecem o produto.
— O cliente não deve se iludir que está fazendo poupança. É um jogo, ainda que com probabilidades um pouco melhores que as de uma loteria — diz.
O Globo – Carlos Vasconcelos

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