Bingos em paróquias ainda incomodam Igreja Católica.

Bingo I 20.10.03

Por: sync

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A promoção de bingos foi uma prática abolida por várias paróquias de Curitiba, nos últimos meses, mas o quadro ainda está longe do ideal, segundo o cônego Ivanir Leonardi, coordenador da Pastoral do Dízimo e da campanha da arquidiocese da capital contra a realização de jogos de azar em igrejas. "Lutamos para que todas as paróquias deixem de promover bingos. O motivo é simples: bingo é jogo, jogo vicia e o vício destrói as pessoas. Além disso, num ambiente de jogos quase sempre há bebidas e, não raro, podem ocorrer brigas e igreja não é lugar para isso", argumenta o padre.

Para quem diz que bingo de igreja não vicia, o padre responde que até alguns anos não existiam bingos particulares. "Portanto, muitas das pessoas que hoje jogam começaram a se viciar em jogos de igreja, aparentemente inofensivos. Eu conheço vários dependentes de bingos, entre eles um homem que tem R$ 45 mil em dívidas de jogo".
Ivanir Leonardi reconhece que algumas paróquias, embora conscientes dos efeitos nocivos dos jogos, promovem bingos por necessidade, já que faltam recursos até para a manutenção. Mas o certo, segundo ele, seria fazer um trabalho sério de evangelização para que os recursos sejam obtidos somente com o dízimo. "Fazer as pessoas entender a dimensão do dízimo não é algo rápido, nem fácil. Não é como um bingo de fim de semana, onde se arrecada R$ 3 mil. Mas nem sempre o caminho mais curto é o correto", diz.

Padre Ivanir defende que os católicos devem "devolver" o dízimo em agradecimento a tudo o que foi lhes dado por Deus. Ele diz que o dinheiro arrecadado com dízimo deve ser suficiente, não apenas para a manutenção da paróquia, mas também para obras sociais e ações missionárias. "Na nossa paróquia (São Braz), como exemplo, repassamos vários salários mínimos para o Centro de Promoção Social e investimos cerca de R$ 1 mil na capacitação dos voluntários que trabalham na igreja, além dos recursos destinados ao incentivo das vocações (formação de padres). Para esses trabalhos, não devemos destinar apenas o que sobra e, sim, termos recursos reservados", comenta.

O cônego diz que o fim dos bingos não significa que as paróquias não possam promover festas. "Pelo contrário, elas podem e devem, mas sem grandiosos bingos com valiosos prêmios", brinca.
Gazeta do Povo (PR) – Andréa Morais

 

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