A evolução dos fliperamas.

Especial I 17.11.04

Por: sync

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Colocar uma fichinha na máquina e permanecer estático diante da tela não é mais comum nos fliperamas. A evolução da tecnologia vem deixando as casas de jogos eletrônicos mais movimentadas. Simuladores de dança, bateria e carros fazem a cabeça e mexem com o corpo dos adolescentes. Nem a febre das lan houses fez esses lugares esvaziarem.
Criada na Coréia do Sul, a máquina que está aglomerando uma legião de jovens e proporciona muita música e coreografia chama-se Pump it up, que atualmente tem diversas versões. Diferentemente de outros simuladores, o que atrai muitos praticantes é justamente a interação entre diversão e movimento corporal, que resulta em acrobacias e passos impressionantes. “É como uma academia de dança. Só que, em vez de professor, há uma máquina coordenando os seus passos”, explica Thaís Maria Rosante, 17 anos, que pratica com frequência junto com um grupo de amigos. Basicamente, o funcionamento do simulador é simples, apesar dos vários níveis de dificuldades.
Para quem vai começar a ensaiar os primeiros passos, é melhor optar pelo nível normal. Em seguida, escolhe-se a música que será tocada durante a performance. Se for iniciante, a dica é um ritmo mais lento, para facilitar na hora de pisar nos quadrados, conhecidos como step. O praticante vai recebendo por meio da tela indicações onde pisar no tapete que possui sensores ligados à máquina. Ao fim da apresentação, é só esperar a nota e aperfeiçoar os passos.
Kick it up
Leandro Ambrózio, 21 anos, destaca que, além de fazer amigos, dançar na plataforma é uma atividade física e de entretenimento. “A interação da máquina com o corpo é maior do que com os antigos fliperamas”. Ele sugere que quem quer aprender ou aperfeiçoar os passos pode procurar o Kick it up, software que pode ser baixado pela internet. Mas é para jogar com as mãos. E acrescenta: “É útil para observar as coreografias”. Esse programa está disponível em sites de busca.
Pedro Alvares, 17 anos, lembra que no início criticava, mas depois se rendeu ao simulador. “Não sabia dançar e aprendi.” Outro que também costuma dançar na máquina é Iuri Martins, 18 anos. Ele comenta que os passos de break e hip hop são os preferidos. Juliana Tamaki, 17 anos, diz que o interessante é que na turma de amigos todos têm estilos diferentes, mas que a máquina une essas tribos. “Já criamos até grito de guerra.”
Bateria
Outra máquina que também desperta a atenção de jogadores é a Neo Drum, um simulador de bateria. Músicas de Bon Jovi, Santana, Skid Row são algumas que podem ser acompanhadas. Além de gostar também do Pump it up, Vítor Gomes, 17 anos, curte o instrumento e gasta algumas fichas de vez em quando para tirar um som. “Dá impressão de realmente estar tocando uma bateria”. E, para quem não sabe tocar o instrumento, ele diz que o importante é ter curiosidade e resistência para descer o braço, literalmente.
Antigos pinballs resistem ao tempo
Na selva da evolução dos jogos eletrônicos há também os heróis da resistência. Eles não trocam as conhecidas pinballs por essa nova febre da garotada. Essas máquinas que fizeram a cabeça de várias gerações antecederam o videogame e os atuais simuladores. O funcionamento é simples e não tem segredo. Basicamente, é não deixar a bolinha passar pelas paletas.
João Rosa, 43 anos, não troca elas por nada. “Não gosto das máquinas que a meninada  joga hoje”. João diz que chega a gastar até dez fichinhas por dia em um fliperama, localizado no Centro de Santos. Ele já nem lembra quando começou a jogar, mas já sabe de todos os macetes. Para ele, o principal é evitar mexer muito na máquina para não provocar os famosos tilt, sinal de que o pinball travou. “Ela tem um balanço que é regulado, se bater muito, dança mesmo”.
Flávio Antunes, 32 anos, teve o famoso Atari durante a adolescência, mas não quis caminhar de mãos dadas com a evolução dos videogames. Preferia os pinballs. Um hobbie que ocupa seus momentos de lazer. “Sempre que posso já sei qual é o tipo de máquina que procuro”.
Entre os mais jovens também há quem curta o velho e bom pinball.  Rui Fernando Campos Alves, 22 anos, comenta que o desafio de conseguir créditos quando atinge uma determinada pontuação é o que motiva a gastar algumas fichas em sua máquina preferida, a Attack From Wars.
Todo dia na hora do almoço, Erik Aquino da Silva, 17 anos, que também gosta de outros jogos eletrônicos, aproveita o período para jogar quando o pinball está desocupado. “Minha vontade era ter uma em casa”.

Danilo Fernandes, 19 anos, já prefere jogar no próprio estabelecimento porque tem a chance de disputar com outros amigos para ver quem faz mais pontos. Em meio a jogos tão cheios de ação, ele confessa que nem a simplicidade da máquina o afasta. E assim, os pinballs sobrevivem e ganham mais adeptos.

A Tribuna de Santos (SP) – César Miranda

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